sexta-feira, 29 de junho de 2012

Red Bull: presente envenenado ou pacto com o Diabo?

A noticia da contratação de Antonio Felix da Costa como piloto da Arden na World Series by Renault desta temporada significou que o piloto português de 20 anos entrou no ambicionado e invejado programa da Red Bull para jovens pilotos. A ambição de muitos justifica-se pelo facto de isto poder significar que num futuro mais ou menos próximo poderá chegar à Formula 1 através da equipa Toro Rosso.

Mas como muitos sabem, entrar nesta academia de pilotos significa um presente envenenado, dada a irascibilidade de Helmut Marko e de Franz Tost, que exigem aos pilotos resultados imediatos, sob pena de serem despedidos sem apelo nem agravo. Muitos pagaram caro essa irascibilidade, os ultimos dos quais foram o espanhol Jaime Alguersuari e o suiço Sebastien Buemi, despedidos da Toro Rosso sem apelo nem agravo no final de 2011. 

Tost e Marko tem ambos uma obsessão em particular nestes últimos três anos: encontrar um outro Sebastian Vettel o mais depressa possivel. O piloto alemão, agora bicampeão do mundo, conseguiu a proeza unica de vencer com aquela equipa no GP de Itália de 2008, e desde então, a fasquia foi colocada de forma muito alta, quase impossivel de alcançar por parte dos que seguiram. Mesmo pilotos consagrados como Sebastian Bourdais, sentiram um pouco a pressão de vencer a qualquer custo de Tost e Marko. E Scott Speed, piloto americano da marca em 2007, saiu a mal da equipa, depois de um incidente na pista de Nurburgring onde após ter saído de pista, não aguentou os insultos de Franz Tost e partiu para a agressão.

E nem o palmarés salva: Jaime Alguersuari, foi campeão da Formula 3 britânica em 2009, por exemplo. Quando ele e Sebastien Buemi foram sumariamente despedidos da Toro Rosso por não não conseguiram igualar a fasquia, ambos ficaram "com uma mão à frente e outra atrás". Buemi ainda aguentou como terceiro piloto da Red Bull, e um lugar na equipa da Toyota nas 24 horas de Le Mans, mas tal coisa é mais para que o pessoal da Formula 1 não o esquecer. Jamie Alguersuari faz agora de piloto de testes na Pirelli, mas o objetivo é o mesmo: que não o esqueçam, mesmo que ele tenha 22 anos de idade. É que para esates dois pilotos, a saída forçada da "cantera" da Red Bull significou que ficaram também sem opções e sem patrocinio.

Para piorar as coisas, nesta temporada de 2012 surgiu outro problema: a performance da Toro Rosso. Ela já não é mais a equipa que deveria ser, pois começa a ser contestada na grelha pela Caterham, uma das três equipas que entrou na Formula 1 em 2009. Nas últimas duas corridas, a performance da equipa de Tony Fernandes em qualificação começou a igualar, senão superar, a da equipa de Faenza, e na corrida, raras são as vezes nos últimos tempos que anda nos pontos, ainda por cima numa temporada totalmente equilibrada. Se no ano passado, eles andavam ao nivel da Sauber, Williams e de vez em quando da Force India, este ano vê não só essa gente toda a distanciar-se, como vê a Caterham a chegar-se perigosamente, ameaçando pontuar pela primeira vez na sua carreira. E se acham que o nono lugar é o "minimo olimpico", qualquer lugar nos pontos por parte de Vitaly Petrov ou de Heikki Kovalainen significará derrota para Tost e Marko. Talvez seja por isso que de vez em quando se lembrem em vender a equipa...

Felix da Costa, dado ter muito talento e ter mostrado isso noutras categorias como na Formula Renault - onde foi rival do finlandês Valtteri Bottas - de bons resultados na Formula Renault Euroseries e agora nesta temporada da GP3, onde corre com o mítico numero 27, atraiu a atenção da Red Bull devido ao seu talento. Mas ele pode ser visto como o piloto que está a "pressionar" os que estão agora na Toro Rosso, ou seja, o australiano Daniel Ricciardo e o francês Jean-Eric Vergne. E caso o português apresente bons resultados nesta categoria, da mesma forma que está a apresentar na GP3 - apesar de estar a correr na sua terceira temporada - isso poderá significar, no mínimo, uns testes no final do ano num carro de Formula 1. E a partir de 2013, os eventuais resultados que possa ter poderão causar calafrios quer em Ricciardo, quer em Vergne...

Mas, como se costuma dizer, toda a glória é efémera. A partir deste fim de semana, Felix da Costa será pressionado para apresentar resultados de imediato. E a não ser que não queira acabar como Felipe Albuquerque, que no final de 2008 foi convidado a correr no Japão, como forma de dizer por outras palavras que os seus serviços não eram mais adequados, ele vai ter de mostrar que mais do que talento, tem de ter cabeça fria, rápida adaptabilidade e capacidade de mostrar resultados no imediato. É uma prova de fogo, se quiser provar que tem estofo para a Formula 1.  

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