sábado, 9 de abril de 2016

A Sauber aguenta-se até ao final da temporada?

Tudo indica que sim, mas vai ser algo muito difícil. Depois de mais rumores sobre a sua situação, logo após o GP do Bahrein, os dias a seguir indicam que os rumores da sua queda iminente eram exagerados. Não só os carros e os funcionários irão correr no GP da China, mas também tem tudo pago até ao final da temporada. Pelo menos as viagens, porque os salários... isso é outra história. É que depois de fevereiro (já pagos), os salários de março também estão com algum tempo de atraso.

A equipa de Hinwill está a sobreviver à custa dos patrocinadores de Marcus Ericsson e Felipe Nasr, que juntos, colocam cerca de 40 milhões de euros na equipa. E se juntarmos os 47 milhões provenientes da FOM, o orçamento perfaz pouco mais de 87 milhões de euros. Praticamente no limiar da sobrevivência, se quisermos... mas a equipa ainda tem mais alguns trunfos, como por exemplo o seu túnel de vento, que é alugado a marcas como a Audi, que lhes paga cerca de 20 milhões de euros, elevando o total para 107 milhões. Mas mesmo assim, a equipa conta os tostões para ver se chega até ao final do ano, para prejuízo de Nasr e Ericsson.

Durante a semana, muitos dissecaram sobre o que se passa na Sauber. Não é nada que não se saiba. Quem acompanha isto tudo desde 2013 sabe que desde a entrada de Monisha Kalterborn na equipa, as coisas não andam lá muito bem. Os eventos do final de 2014, onde ela assinou com... três pilotos (!), ou seja, para além de Nasr e Ericsson, assinou também com Giedo van der Garde (VdG), com ele a adiantar dinheiro, e a equipa... a não lhe dar o lugar (os seus 15 milhões eram inferiores aos valores dos outros dois pilotos) e o holandês exigiu o dinheiro de volta, metendo a equipa em tribunal e ameaçando até... prender Kalterborn. Ela safou-se de boa, mas teve de devolver os 15 milhões que VdG adiantou.

E para piorar as coisas, as condições não são propicias aos trabalhadores, especialmente os diretores técnicos. Desde 2010 que estiveram quatro: James Key, Matt Morris, Eric Gandelin e Mark Smith. Key foi para a Toro Rosso em meados de 2012, depois do bom trabalho que fez com o chassis guiado nesse ano por Sergio Perez e Kamui Kobayashi, com quatro pódios e duas voltas mais rápidas. 

Morris, ex-Williams, ficou lá pouco tempo (aceitou um convite da McLaren) e deixou o bebé nas mãos de Gandelin, que sem experiência, fez o chassis de 2014, que passou para a história como o pior de sempre. Já Smith, chegado à equipa em agosto do ano passado, tentou melhorar o mau chassis, mas ficou lá por pouco tempo. No final de 2015, Smith decidiu sair de lá, alegando razões pessoais, mas depois acabou por ir trabalhar com Bob Bell na Renault, eles que trabalharam juntos mais de uma década antes, na mesma equipa.

Em suma, para além de todos os problemas acima referidos, temos também um problema de liderança. Com Peter Sauber reformado, as complicações causadas por Kalternborn perigaram a situação da equipa. E resta saber como isto vai acabar, e uma das duas soluções poderá acontecer: ou os suecos poderão comprar a equipa, ou a Ferrari - neste caso, Sergio Marchionne - poderá reclamar os créditos antigos e ficar com a equipa com um desconto, para a transformar na sua "equipa B", a Alfa Romeo.

Veremos como isto vai acabar.

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